Reunimos alguns textos interessantes que falam de um novo luxo, contemporâneo, onde o artesanato vem ganhando espaço sobretudo devido a mudança de comportamento dos consumidores, cada vez mais conscientes, quanto à valorização da exclusividade e valor cultural do que é feito à mão, como os doces portugueses artesanais do Ateliê da Nata. Confira a seguir o que se fala sobre este assunto.
Segundo a publicação “CO 3 – ARTESANATO: ARTE POPULAR OU O NOVO LUXO?“, de Ana Carla Andrade Luz e Dra. Emanuelle Kelly Rodrigues da Silva, o artesanato está presente em todas as culturas. No Brasil não é diferente, e em praticamente todas as cidades brasileiras é visto em suas diferentes formas, sinônimo de diferenciação e de estilo, características presentes no mercado de luxo.
Os artigos de luxo sempre fizeram parte do sonho de consumo das pessoas. Seja pelo alto valor monetário agregado que possuem, a exclusividade implícita ou ainda pelo alto status associado a eles, tais produtos de luxo sempre definiram as categorias de classes. Seus consumidores buscam algo mais que o utilitarismo desses produtos, buscam prazer e prestígio.
No entanto, para que os produtos, de fato, mostram o grau de sofisticação e exclusividade de seus consumidores, não bastam ser caros ou exóticos, mas denotar um caráter individual, com identidade própria, únicas, feitas sob medida, artesanalmente (MELO; VALENÇA, 2010). Nesse sentido, Silva (2011) afirma que a produção artesanal se insere naquilo em que a produção industrial não consegue preencher, ou seja, na identificação individualizada e simbólica do objeto do desejo.
O artesanato, diferentemente da produção industrial em série, é uma arte carregada de cultura, simbolismo e exclusividade e seu valor social e cultural agregado são valorizados por seus consumidores.
Nos aspectos comerciais o artesanato também está sujeito às fortes disputas existentes em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, inundado pelos produtos artesanais de baixo custo vindos da Ásia (CRISE…,2015). Como fator distintivo, faz-se necessário o surgimento de produtos com um diferencial extra, uma singularidade com características exclusivas e uma história própria capaz de competir com diversos outros produtos, não por meio apenas de custos, mas de valores agregados que conseguem seduzir o consumidor.
Neste sentido, as pessoas já estão começando a se desvencilhar destes conceitos imediatistas. Elas agora buscam por produtos com alto valor cultural e social agregados. Produtos exclusivos tanto em seus estilos quanto em seus conceitos, feitos com exclusividade e tradição. Atributos que se encaixam perfeitamente no caráter dos produtos artesanais feitos à mão (MELO; VALENÇA, 2010).
Hoje em dia já se fala em um “novo luxo” ou luxo contemporâneo. Um luxo que não depende de uma grande marca por trás de seus produtos, e cujos adeptos possuem capital cultural suficiente para identificá-lo em seus detalhes mais “preciosos”. Essas pessoas entendem o caráter social de um produto como fator de destaque e superioridade intelectual (MACHADO, 2006), inclusive dizendo não a tudo que é ostentação ou puro exibicionismo.
Existe algo mais atraindo as pessoas que buscam produtos feito artesanalmente. O fato de passarem longe das esteiras computadorizadas e dos impessoais processos em larga escala, trazem um charme a mais a esses itens, não somente por ser um produto exclusivo, mas por ter sempre uma história para contar. Nada como o toque humano para dar significado às coisas. Nada como nossa criatividade para reinterpretar ideias, mudar pontos de vista e provocar novas emoções, reflexões e transformações. São produtos com alma! Renda-se ao luxo artesanal!
LUXO TRADICIONAL | LUXO CONTEMPORÂNEO |
Membros de família tradicional, socialites. Herdeiros de títulos e de grandes fortunas. | Profissional bem-sucedido em qualquer área de atuação, conceituado pelo seu conhecimento e valor pessoal. |
Valorização da marca nas roupas. Preciso me vestir com grifes, para mostrar quem eu sou. | Valorização das roupas sem marcas, em prol dos tecidos, e das grifes que levam em conta a sustentabilidade. Não preciso de rótulos para dizer quem eu sou. |
Ostentação. | Elegância com simplicidade. |
Viagens para comprar, ver e ser visto. Nova York, Miami, Londres e Paris. | Viagens sensoriais, levando em consideração o emocional. Camboja, Vietnã, Machu Picchu, Amazônia e Fiji. |
Ser convidado para se sentar na primeira fila dos desfiles de moda e ser o centro das atenções. | Sentar na primeira fila dos desfiles virou over. Chique é ser convidado para se sentar na primeira fila e sentar na terceira ou quarta fila dos desfiles, valorizando o anonimato. Não preciso mais aparecer para dizer quem sou. |
Festas de casamento cinematográficas com mil convidados. | Festas de casamento simples, apenas com os melhores amigos. |
Valorização do morar em mansões enormes, em bairros tradicionalmente nobres, com inúmeros funcionários. | Valorização do morar em apartamentos (buscando segurança), não tão grandes, mas aconchegantes. Poucos funcionários. Em bairros perto das escolas dos filhos e próximo do local de trabalho. Imóveis com significação pessoal: vista deslumbrante, pomar no jardim. |
Restaurantes caros e exuberantes, com chefes famosos. Ser visto nos restaurantes da moda é mais importante do que a própria comida. | Restaurantes pequenos, fora do eixo dos grandes centros urbanos, com comidas feitas de maneira artesanal, sem conservantes, orgânica, com produção que respeita o meio ambiente, ou que traz memórias afetivas. |
Lutar para sair nas colunas sociais. | Recusar sair nas colunas sociais. |
Valorização do trabalho. Passo muitas horas no meu trabalho, além de trabalhar os finais de semana. Eu sou insubstituível. A empresa não vive sem mim. Trabalho centralizador. | Valorização da minha família. Passo muitas horas com a minha família e os meus amigos. Viajo nos finais de semana. Eu sou apenas mais um na empresa. Trabalho em equipe e descentralizado. |
E você, com qual tipo de luxo se identifica mais? Deixe nos comentários sua opinião sobre os produtos artesanais.
Fontes:
https://harpersbazaar.uol.com.br/estilo-de-vida/o-novo-luxo-em-tempos-de-pandemia/
http://www.1-18project.com/o-luxo-artesanal/
https://books.google.es/books?id=j9las0Xtnd8C&pg=PT15&lpg=PT15&dq=comida+artesanal+e+o+luxo&source=bl&ots=QmFhR_CJNU&sig=ACfU3U1z1RbQgog_zeTFkhK95SA4m4s1sg&hl=es&sa=X&ved=2ahUKEwioy-3Dvo7sAhU1CWMBHRSSC1YQ6AEwC3oECAEQAQ#v=onepage&q=comida%20artesanal%20e%20o%20luxo&f=false
(O Mercado do Luxo No Brasil, Claudio Dinizjun. de 2015, Editora Seoman)
http://tambiensomosamericanos.com/comida-artesanal-que-es-realmente/